Nunca se falou tanto da necessidade de ter um ambiente de trabalho inclusivo. É importante entender que isso não é uma moda corporativa, ou algo passageiro, mas sim uma necessidade das empresas e do mercado de forma geral. Incluir pessoas de diferentes origens e vivências ajuda a produzir soluções mais certeiras e inteligentes.
Mas apenas contratar pessoas diferentes entre si para formar uma equipe não é suficiente. É preciso garantir que todas sintam que têm voz e espaço para exporem suas ideias e contribuir com o todo. Enquanto ainda vivemos em uma sociedade que silencia tanto grupos por causa de seu sexo, cor, grau de escolaridade ou por causa do lugar onde nasceu, o desafio é proporcionar um ambiente em que todos se sintam seguros e confiantes. E as palavras têm um papel fundamental neste aspecto.
Nem sempre as intenções ou o discurso da empresa refletem no sentimento dos colaboradores. Uma pesquisa realizada pela PwC em 2020 apontou que 76% das organizações dizem que diversidade e inclusão são suas prioridades. Porém, apenas 22% dos colaboradores afiram estar cientes dos esforços da empresa para criar este tipo de ambiente.
Como a linguagem contribui para um ambiente de trabalho inclusivo
Hoje as pessoas não estão apenas interessadas no storytelling das empresas, ou seja, nas narrativas que elas conduzem sobre quem são e quais são as suas práticas. O que conta mesmo é o storydoing, que é o que aquela organização está efetivamente fazendo que dê legitimidade a sua narrativa.
Algo que parece tão simples, como a linguagem utilizada no ambiente de trabalho, é um fator importantíssimo que liga o que a empresa acredita ser inclusivo com o que os colaboradores efetivamente consideram ser uma forma de inclusão. Um exercício simples publicado pelo site Think with Google pode ajudar gestores e colaboradores a avaliarem a própria linguagem:
1. Informe-se sobre a relação entre linguagem e poder: as palavras que usamos todos os dias têm um impacto sério – em nós mesmos, nos colegas e na empresa. A linguagem pode sabotar um ambiente de trabalho inclusivo ao criar um local hostil para a equipe, principalmente para minorias sociais. O poder se manifesta através de estigmas em torno de elementos que digam respeito à identidade das pessoas, como raça, nacionalidade, grau de escolaridade, idade, orientação sexual, entre outros. De forma geral, grupos com mais poder têm mais oportunidades e podem impor sua forma de pensar e agir sobre pessoas com menos poder, sem se dar conta disso. Ou seja, palavras podem perpetuar relações de desigualdade, e se dar conta disso é o primeiro passo para quebrar este ciclo.
2. Avalie as palavras que você usa no dia a dia: a linguagem está em constante evolução, por isso, as palavras que você usava há alguns anos podem não ser mais adequadas. Isso destaca a necessidade de fazer uma autoavaliação constante do próprio vocabulário. Quando escolher suas palavras, lembre-se de sempre respeitar os termos que as pessoas e as comunidades definiram como aqueles que lhes representam. Se tiver dúvida, pergunte com educação e permita-se aprender algo novo.
3. Considere a pluralidade das pessoas para evitar discursos rasos: uma parte importante de usar a linguagem adequadamente é garantir que as suas peças de Marketing, website e quaisquer outros materiais reflitam o mundo em que vivemos. Isso significa reconhecer a pluralidade da identidade das pessoas e garantir que a campanha represente esta variedade. Ao não reconhecer esta diversidade você corre o risco de reduzir identidades ricas e multidimensionais a histórias rasas, que perpetuam estereótipos e podem ser ofensivas para o público-alvo. Sempre prefira narrativas multifacetadas e que venham diretamente das pessoas que são parte da narrativa.
4. Comprometa-se a fazer este exercício constantemente: inclusão não é uma tendência, é necessário acabar com estas desigualdades sistêmicas, e isso exige vontade para continuamente examinar e apontar desequilíbrios de poder. Crie uma rotina para avaliar as práticas da empresa no sentido de criar uma comunicação mais efetiva e fortalecer as relações entre os seus colaboradores. Considere realizar uma pesquisa com a equipe para sentir como eles enxergam esta situação e decida como irá medir o sucesso de suas iniciativas.
Assim como aprender a usar uma nova ferramenta, aplicar princípios precisos de linguagem pode ser complicado no começo, mas é importante continuar praticando, mesmo que às vezes possa parecer desconfortável ou inconveniente. Comprometa-se o em ser o mais assertivo, empoderador e inclusivo possível com sua linguagem. Fazer do ambiente de trabalho – e do mundo – um lugar mais inclusivo e acolhedor é uma tarefa diária que depende de cada um e faz uma grande diferença.
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