Há diversos conteúdos sobre tendências de mercado, uma vez que as empresas precisam se antecipar ao comportamento do consumidor para aproveitar as mudanças que ocorrem no mundo. Mas afinal, como identificar o que realmente é uma tendência que veio para ficar e diferenciá-la das modas passageiras?

Uma dica elementar, mas bem útil, é esta: no curto prazo observe as pessoas, no longo prazo observe as tecnologias. Por exemplo, observar o comportamento dos usuários nas redes sociais através de smartphones é algo que acontece hoje, mas isso só ocorre porque há pouco mais de uma década surgiram as primeiras redes que permitiam esta conexão entre pessoas e foram lançados os primeiros celulares com acesso a estes aplicativos. O comportamento de hoje das pessoas pode ser previsto com o lançamento e uso destas tecnologias.

O que o cenário atual nos diz sobre as tendências de mercado

Nas últimas décadas foi observada a ascensão dos especialistas. Com recursos limitados de acesso à informação, os profissionais mais valorizados eram aqueles que eram realmente bons em uma área específica, independentemente de suas habilidades em outros setores.

Porém, o fácil acesso à informação proporcionado pela internet permitiu que as pessoas aprendessem sobre diversos temas. Com um curso on-line de curta duração qualquer pessoa pode aprender sobre Marketing Digital, gastronomia, marcenaria ou ainda cuidado de abelhas.

Somado a isso, as empresas estão buscando cada vez mais profissionais polivalentes, que além de saber atuar nas especificidades tenham uma visão mais ampla, o que pode abranger outras tarefas no dia a dia e até conhecimentos de gestão, liderança e empreendedorismo. Com isso, sai gradativamente a figura do especialista para dar vez à do generalista.

Essa visão mais ampla também pode ser observada no comportamento do consumidor. A informação fez com que os clientes enxergassem um produto além daquilo que ele realmente é: as pessoas estão mais atentas aos valores defendidos pela marca, à cadeia de produção, à responsabilidade social e ambiental, por exemplo.

Na prática, as marcas que forem mais transparentes neste sentido e mostrarem que a sua essência vai além das vendas serão melhor vistas pelos clientes, que passarão a defendê-la. Empresas consideradas nebulosas ou antiéticas serão cobradas por isso. Ou seja, pensar em Marketing para o futuro é conectar as marcas a causas sociais, políticas, culturais, ambientais e tudo o que vai além do produto em si.

Observando e identificando tendências

Uma tendência muito forte observada hoje é a necessidade de conexão das pessoas, principalmente umas com as outras. Isso não significa que elas queiram necessariamente ser iguais entre si, mas que querem fazer parte da conversa.

Isso ajuda a definir o conceito de monopólio social: as pessoas não querem ser (ou sentir que estão sendo) controladas por marcas, elas simplesmente querem estar onde todo mundo está. Por exemplo, muitas pessoas não gostam de estar no Instagram, porém mantêm o seu perfil por lá porque temem perder o contato com os outros.

Mas afinal, o Instagram seria uma moda ou uma tendência? Entenda como funciona esta classificação:

Fad: é o modismo, aquilo que dura pouco tempo e que é esquecido muito rapidamente.

Microtendência: é aquela que dura de dois a cinco anos, normalmente associada a algum negócio específico.

Macrotendência: dura de cinco a 10 anos e acaba mudando culturas e mercados. Por enquanto podemos encaixar serviços de empresas como Uber e Airbnb como macrotendências, pois mudaram os mercados em que atuam.

Megatendência: é aquela que dura mais de 10 anos e é capaz de causar um impacto geracional. Redes sociais como o Facebook e o Instagram já entram aqui por já existirem há mais de uma década e envolverem indivíduos de diferentes gerações.

Destas tendências surgem os diferentes tipos de narrativa que guiam o comportamento do consumidor. Elas podem ser classificadas da seguinte maneira:

Residual: é aquela que demora a ir embora, como aqueles costumes das nossas avós que ainda podem ser observados na sociedade, mas que estão caindo em desuso. Por exemplo, casar virgem.

Dominante: é a narrativa do momento e que ainda dita boa parte do funcionamento do mundo. Até já podem existir alternativas para ela, mas ainda são poucas as pessoas que as adotam. Exemplos: divórcio, sexo fora do casamento, uniões homoafetivas.

Emergente: é a narrativa que está surgindo e que normalmente choca as demais gerações. Costuma ganha força e aceitação quando é adotada e divulgada por alguma pessoa influente, como uma celebridade. Exemplo: poliamor, transexualidade, sexualidade fluida e pessoas não binariedade.

Um dos principais erros das empresas atualmente é observar apenas a narrativa dominante, que é o que já funciona no mundo. As marcas que quiserem ter longevidade precisam olhar lá na frente, ou seja, prestar atenção no comportamento emergente.

3 Tendências de mercado para ficar de olho

Mas afinal, quais são as tendências de mercado que podemos observar a partir do mundo de hoje? Quais narrativas tendem a se tornar dominantes? Trouxemos três pontos que merecem a atenção das marcas e dos profissionais:

1. Autonomia profissional e controle de qualidade pelo mercado

Também conhecida como “uberização do trabalho”, é forte a tendência de autonomia profissional. Ou seja, em vez de determinado trabalhador manter contrato com apenas uma empresa, ele presta serviços de forma freelancer para diversos clientes. Isso tem relação direta com a economia criativa, que descentraliza a produção de grandes empresas.

Mas você deve se perguntar: como garantir a qualidade sem contar com a credibilidade das grandes empresas? Os próprios clientes estabelecem esta relação de confiança. Sabe estas avaliações deixadas em páginas como Google meu Negócio, lojas de aplicativos ou ainda em apps de delivery? A confiança de determinada marca, produto ou profissional é determinada a partir das avaliações que ela recebe do próprio público.

2. Modelos familiares mais diversos e maior expectativa de vida

Nem todas as marcas se atentam a isso, mas a verdade é que a população está envelhecendo e isso cria um mercado que nem sempre é lembrado nas estratégias: o de pessoas idosas. Enquanto muitas empresas despendem a maioria dos esforços para alcançar apenas os jovens, há um público cada vez maior que está sendo preterido nas decisões de Marketing.

As pessoas não estão apenas vivendo mais, elas estão desfrutando destes anos com mais qualidade de vida e em busca de cada vez mais autonomia em relação as suas vidas. Ser mais maduro não é mais um tabu, as pessoas estão cada vez mais confortáveis em viver a sua velhice.

3. Quarta Revolução Industrial e o futuro das profissões

A tecnologia deixou de ser restrita aos computadores há bastante tempo. Ela está na nossa roupa, nos nossos carros e até no nosso DNA. A quarta Revolução Industrial já está acontecendo e é pautada pela tecnologia e pela mudança de paradigmas.

Em relação ao futuro das profissões, todos os anos saem infindáveis listas sobre quais profissões são tendência e quais podem desaparecer. Mas não é preciso olhar cada uma destas listas, basta entender a lógica por trás delas: quanto mais interpessoal e estratégica for a profissão, melhor o futuro dela, quanto mais técnica e especializada, piores as expectativas.

Ou seja, com um mundo mudando cada vez mais rapidamente, sobrevive quem aprimorar a sua capacidade de aprender, estudar, desaprender e recomeçar este ciclo quantas vezes forem necessárias. A sua marca está pronta e disposta a isso?

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