No mundo do Marketing nada é tão importante como atingir o público-alvo e, claro, convertê-lo em cliente. Mas hoje em dia não basta apenas ter o melhor produto, preço, praça ou promoção, é preciso que o cliente crie uma identificação com a marca e com o produto ou serviço. E é justamente para construir esta identificação que entra o storytelling.
Além de adotar esta estratégia para alimentar a relação do público com a marca, é preciso que esta pessoa, o seu cliente em potencial, consiga se ver utilizando aquele produto ou serviço e se relacionando de forma positiva com a sua fornecedora. Quanto mas verossímil ou até mesmo real a estratégia, mais forte será esta identificação.
Mas afinal, o que é storytelling?
Com uma tradução literal do inglês, storytelling diz respeito a contar histórias. No Marketing, esta história precisa ser contada de forma relevante, utilizando todos os recursos possíveis para comover o público e fortalecer os laços que ele cria com a marca. Algumas empresas utilizam o storytelling justamente para contar a sua história de fundação e crescimento para cativar a sua audiência.
Para ter certeza de que a história está sendo contada da forma correta são realizados estudos de vocabulário, personas e imagens que tenham forte apelo e que sejam facilmente assimiladas pelo público pretendido. Quanto mais próximo da realidade daquele público, melhor!
Verossímil x real
O conceito de realidade pode ser bem flexível no mundo da propaganda e é justamente com isso que precisamos tomar cuidado. Para isso, precisamos entender os conceitos do que é real e do que é verossímil.
Entendemos como real aquilo que é verdadeiro, que existe e aconteceu de verdade. Se uma empresa foi fundada por humildes imigrantes italianos, isso pode entrar no storytelling dela como um fato real. Pode-se até citar o nome da família, por exemplo.
Já o verossímil é aquilo que não é necessariamente real, mas que pode fazer o público se identificar mesmo assim. Por exemplo, um anúncio voltado a executivos que utilize imagens de modelos em um escritório não representa algo real, mas algo verossímil, com o que o público consiga se identificar.
Por que é preciso tomar cuidado
O perigo mora em dar uma roupagem real a algo verossímil. Isso ocorre quando a empresa cria uma história que esteja de acordo com o seu público-alvo, crie esta identificação, mas diga que se trata de algo real. Várias empresas já foram “desmascaradas” ao contarem histórias de origem comoventes como se fossem verdadeiras, quando na verdade a fundação da empresa não teve nada a ver com isso. Pegou mal para o mercado e para os consumidores, que se sentiram enganados.
Outro exemplo bem comum é utilizar imagens de modelos em campanhas dando um nome para aquele personagem como se fosse alguém real. Você provavelmente já ouviu falar de alguma história associada a um supermercado, campanha política e até mesmo a cursinhos pré-vestibular e universidades. Não preciso nem dizer que estas marcas viraram motivo de piada na Internet, não é mesmo?
Histórias reais cativam
A vontade de contar histórias reais é justificada. Desde a popularização dos reality shows as pessoas entendem que elas podem ser protagonistas, elas querem se sentir valorizadas. Isso se intensificou ainda mais com a explosão das redes sociais, que permitem às pessoas se exporem, criarem conteúdo e até mesmo a sua rede de influência. O protagonismo não se restringe a ídolos e a celebridades, mas sim às pessoas comuns que criam a sua identidade on-line. Cada pessoa se torna um influenciador em potencial.
Com isso, o público também ficou mais esperto e capaz de distinguir o verossímil do real. Com a democratização do acesso a informações fica mais fácil desmascarar uma campanha que conte uma história que não é verdadeira. E a repercussão que isso pode ter todos nós podemos imaginar.
Um exemplo de campanha com storytelling verdadeiro que produzimos aqui na Ferver diz respeito à conscientização sobre o câncer de mama. A ação foi desenvolvida em conjunto com a Ecomax, uma clínica de diagnóstico por imagem, que indicou pacientes reais que passaram pelo diagnóstico do câncer de mama e concordaram em contar as suas histórias. O objetivo é que os depoimentos deem apoio às mulheres que estiverem passando pelo diagnóstico e enfrentando a doença.
A receptividade da campanha foi extremamente positiva: além de contar histórias verdadeiras que muito se assemelham às de outras mulheres, a divulgação em uma cidade como Blumenau permitiu que o público não apenas se identificasse com estas mulheres, mas que as reconhecesse, sabendo que se trata de uma história verdadeira. O vínculo do público foi muito mais forte do que com campanhas que utilizam modelos ou celebridades.
Resumindo, isso não significa que campanhas que trabalham com verossimilhança tenham menos valor. Elas são mais práticas e, em muitas vezes, a única possibilidade que o orçamento permite. A questão é não querer misturar os dois e vender uma ilusão como uma realidade. O seu público merece e a integridade da sua marca agradece.
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