O ser humano reage ao meio, adaptando-se às adversidades. Um exemplo recente disso diz respeito às tendências de consumo na pandemia: lojas fechadas, isolamento social e uma crise econômica que não conhecemos o desfecho são alguns dos fatores que mudaram o comportamento do consumidor. Mas afinal, esta mudança responde apenas ao novo cenário ou alteraremos completamente a nossa forma de consumir?

Alguns comportamentos não apenas de consumo, mas de estilo de vida, pareciam um caminho inevitável, porém, a pandemia pode ter servido como uma catalizadora, antecipando em anos este novo estilo de vida. A seguir, listamos algumas das principais tendências observadas neste período atípico:

1. Digitalização das relações

Uma das acelerações provocadas pela pandemia é a digitalização do mundo em que vivemos. Empresas foram forçadas a adotar sistemas para home office dos colaboradores – mesmo que não tivessem a mínima estrutura para isso. Reuniões e aulas deram lugar a vídeo chamadas, muitas delas com dezenas de participantes.

Esta digitalização mandatória fez com que muitas empresas passassem a enxergar esta possibilidade de outra forma. Aquelas que tiveram dificuldades em termos de infraestrutura agora levam este investimento mais a sério. Já as que obtiveram bons resultados com a equipe em casa já estudam a possibilidade de estender este modelo mesmo em um cenário pós-pandemia.

A digitalização também se refletiu nos hábitos de consumo e de lazer. Segundo dados do Think with Google, na primeira quinzena da quarentena, 32% das pessoas que realizaram compras on-line fizeram isso pela primeira vez. No entretenimento, sem shows e cinemas, o streaming foi o que reinou. Tanto tráfego de dados obrigou operadoras de internet a melhorarem a disponibilidade de seus serviços.

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 2. Maior diferença no consumo entre classes sociais

Porém, nem tudo o que diz respeito à pandemia é um avanço. A crise causada por ela aumentou os índices de desemprego e aumentou o abismo entre as classes sociais. Dizer que “estamos todos no mesmo barco” definitivamente não reflete a realidade. A incerteza quanto ao prazo de resolução e de retomada da economia apontou uma diferença ainda maior nos hábitos de consumo entre as classes sociais.

Três tipos de consumo são observados como tendência para uma vida pós-Covid: de subsistência, de celebração e de reflexão. Porém, eles não são observados em todas as camadas sociais, pelo menos não igualmente. Segundo dados do Google Books & Google Search 52% dos consumidores da classe A estão se declarando mais permissivos consigo em relação aos gastos, indicando o consumo de celebração, uma espécie de “autoafago” nestes tempos tenebrosos.

Já a perspectiva de consumo para a classe C já se apresenta 20% menor do que em 2019. As incertezas causadas pela crise levaram 59% deste público a consumir apenas o essencial, como comida e itens de higiene. Aliás, até mesmo isso foi reduzido para a classe C: 30% dela está gastando menos em alimentação.

Outra tendência observada com mais força entre a classe A é o consumo de reflexão, com menos ostentação e mais consciência e sustentabilidade. Ainda é um consumo nichado, voltado a um perfil mais funcional, poupador, sem ostentação e pensando na sustentabilidade e no comerciante local.

 3. Transporte individual

Por conta da pandemia, menos pessoas circularam nas ruas. Em algumas cidades o transporte público chegou a ser suspenso, forçando as pessoas a buscarem alternativas para quando precisassem ir de um lugar ao outro.

No entanto, mesmo com a retomada de circulação, o transporte coletivo e particular de passageiros pode observar uma queda. Isso por causa do medo de contágio nestas modalidades de transporte. Dentre as pessoas que utilizam transporte coletivo, 66% estão com medo de se contaminar nestes ambientes. Já entre quem utiliza carros compartilhados e serviços de transporte particular, como táxi ou por aplicativo, 51% estão com medo de contágio no pós-quarentena.

Isso significa que a indústria automobilística pode acabar se beneficiando deste cenário. Um estudo mostrou que 84% dos entrevistados pretende comprar um carro em 2020, apesar da crise.

 4. O que comprar e onde comprar

A compra por impulso perdeu espaço com a pandemia. Com as pessoas passando mais tempo em casa, elas passaram a ter melhor noção sobre os itens que são realmente úteis. Isso acende a diferença entre a posse de bens e o consumo de bens, com crescente vantagem para o segundo.

Outra mudança tem se observado nas escolhas dos estabelecimentos onde as pessoas estão consumindo mais. Mesmo com o fechamento do comércio, quem conseguiu trabalhar com sistema de delivery se fortaleceu. Com a reabertura, 40% pessoas passaram a preferir comprar de negócios locais, mesmo que não presencialmente. Isso reforça a importância de pequenos negócios em disponibilizar a comunicação por meio digital e a comodidade da entrega das mercadorias.

O futuro ainda é incerto e não sabemos com 100% de certeza quais comportamentos devem permanecer em um mundo pós-Covid. Porém, é importante que as empresas olhem para estas tendências com atenção para ter mais clareza quanto aos movimentos de mercado observados e quais caminhos são possíveis para melhor atender às necessidades das pessoas em um futuro incerto.

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